terça-feira, 6 de outubro de 2009

Contemplo o Lago Mudo




Contemplo o lago mudo


Que uma brisa estremece.


Não sei se penso em tudo


Ou se tudo me esquece.


O lago nada me diz,


Não sinto a brisa mexê-lo


Não sei se sou feliz


Nem se desejo sê-lo.


Trêmulos vincos risonhos


Na água adormecida.


Por que fiz eu dos sonhos


A minha única vida?






Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"