Metade (simplesmente maravilhoso)
Que a força do medo que tenho
não me impeça de ver o que anseio
que a morte de tudo em que acredito
não me tape os ouvidos e a boca
porque metade de mim é o que eu grito
mas a outra metade é silêncio.
Que a música que ouço ao longe
seja linda ainda que tristeza
que o "homem" que amo seja pra sempre amado
mesmo que distante
porque metade de mim é partida
mas a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo
não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
apenas respeitadas como a única coisa
que resta a uma "mulher" inundada de sentimentos
porque metade de mim é o que ouço
mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora
se transforme na calma e na paz que eu mereço
e que essa tensão que me corrói por dentro
seja um dia recompensada
porque metade de mim é o que penso
mas a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste
e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável
que o espelho reflita em meu rosto num doce sorriso
que eu me lembro ter dado na infância
porque metade de mim é a lembrança do que fui
a outra metade não sei.
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
pra me fazer aquietar o espírito
e que o teu silêncio me fale cada vez mais
porque metade de mim é abrigo
mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta
mesmo que ela não saiba
e que ninguém a tente complicar
porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
porque metade de mim é platéia
e a outra metade é canção.
E que a minha loucura seja perdoada
porque metade de mim é amor
e a outra metade também.
Oswaldo Montenegro
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
apenas palavras...
...palavras, palavras, palavras, palavras...
...e mais palavras
palavras de esperança, de amor,de promessa,
palavras que pareciam sinceras,bonitas, verdadeiras,
a palavra que aproximou um dia
que chegou a convencer
a falta dela faz de mim sem palavras agora,
e não ouví-las é fazer de mim um nada...
ter ouvido todas as palavras
as primeiras ou até mesmo as últimas
faz de mim um livro de páginas apagadas
só queria palavras, boas ou más
porque sem elas não posso
mais existir,não mais sentir,não mais viver...
depois de tantas palavras lançadas
doloridas,crueis e assassinas
no final palavra alguma,
hoje invento minhas próprias palavras
para poder entender,
de qualquer forma as primeiras foram jogadas ao vento,
as últimas lançadas sem nexo,
compreendo palavras que invento
queria apenas a última
para assim recomeçar uma nova história,
escrever um novo sonho,
e entender a falta delas
porque com certeza faltou palavras....e mais palavras
palavras de esperança, de amor,de promessa,
palavras que pareciam sinceras,bonitas, verdadeiras,
a palavra que aproximou um dia
que chegou a convencer
a falta dela faz de mim sem palavras agora,
e não ouví-las é fazer de mim um nada...
ter ouvido todas as palavras
as primeiras ou até mesmo as últimas
faz de mim um livro de páginas apagadas
só queria palavras, boas ou más
porque sem elas não posso
mais existir,não mais sentir,não mais viver...
depois de tantas palavras lançadas
doloridas,crueis e assassinas
no final palavra alguma,
hoje invento minhas próprias palavras
para poder entender,
de qualquer forma as primeiras foram jogadas ao vento,
as últimas lançadas sem nexo,
compreendo palavras que invento
queria apenas a última
para assim recomeçar uma nova história,
escrever um novo sonho,
e entender a falta delas
Lucia Alves
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
RETRATO
Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coraçãoque
nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida a minha face?
Cecília Meireles
terça-feira, 6 de outubro de 2009
Contemplo o Lago Mudo
Contemplo o lago mudo
Que uma brisa estremece.
Não sei se penso em tudo
Ou se tudo me esquece.
O lago nada me diz,
Não sinto a brisa mexê-lo
Não sei se sou feliz
Nem se desejo sê-lo.
Trêmulos vincos risonhos
Na água adormecida.
Por que fiz eu dos sonhos
A minha única vida?
Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"
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